O que é o evento? Como e por que o evento surgiu?
Futuridades afro trans cuir – para além dos fantasmas de gênero
O Desfazendo Gênero VII celebra a futuridade cuir, não binárie e todo o
espetro do gênero. Não mais o binário imposto, mas a viagem e trânsito, as
múltiplas reformulações, não ficar e ir. Inspiradas na ótica afrofuturista, explorando a viragem quare e a entrada em força das questões raciais na exploração do cuir e das transições de gênero, este desfazendo celebra os futuros cuir por vir, as diásporas pretas trans, o nordeste e sua história de futuro e ponto de interrogação a todo o Brasil. Retomar o desfazendo a partir do Sergipe quer ser uma forma de futuridade, de pensar outras formas de produzirmos o nosso futuro, a partir de um passado ancestral, cuircestral, transcestral, pensado também como afrofuturo. Mas também de fantasmas que limitam a nossa ação e a diminuem na sua potencialidade.
Lidando com os fantasmas de gênero, as múltiplas tensões que tentam
condenar estas população a não terem futuro, a terem como única garantia a
necropolítica e os escombros de um estado dizimado pelo neoliberalismo, a nossa proposta contempla a dupla mirada: o ataque a estas populações e as
possibilidades de resistir.
Queremos indagar as fabulações críticas e afrofabulações que nos permitem
imaginar um horizonte de ação e expansão dos movimentos sociais que somos e da pesquisa que queremos sonhar, com o horizonte de possibilidades pautado por um entendimento do campo minado que a extrema direita colocou e os seus tentáculos que chegam até à esquerda. Anti-trans, anti-género, anti-woke, anti-identitarismo tornam-se ecos deste desejo de eliminar estas populações.
Pretendemos ocupar o espaço utópico de imaginar pindorama como
horizonte de ação e Abya Yala como espaço de solidariedade e liberdade. Em
suma, ocupar tudo antes que o céu caia sobre nossas cabeças, chamar os pajés e as yalorixás e com o povo indígenas e o povo de axé, o povo quilombola, as periferias e as excluídas articular mudanças, pensar transformação. Misturar tudo, embaralhar e dar de novo, com Exu na encruzilhada empurrando as gentes para agir. O futuro é agora, o futuro já começou. Este Desfazendo tem um clamor de rua, um perfume de dendê e quer chamar outras atores/as sociais para se reequacionar, para pensar o futuro.
As temporalidades que nos compõe, com as carnes que temos, com os corpos que pedem justiça. Esse desfazendo quer trazer os brasis para se conectarem, para se reelaborarem. Em tempos de capitaloceno, queremos trazer possibilidade de acalanto para um futuro. Pensando esse futuro, a partir deste lugar onde só parece já haver chacina, desastre ambiental, seca, deserto, fome. O desfazendo chama todas, todes e todos para estes debates e conta com a criatividade de todas, todes e todos.
São Cristóvão - Sergipe de 29 a 31 de julho de 2025